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Empate ou um ponto
a favor de Joe Biden?
por Irina Golovanova - 27 de outubro de 2020
O segundo e último debate entre Trump e Biden decorreu na quinta-feira passada. Na sexta-feira, eu e a Rádio Renascença fizemos uma análise do confronto, em direto, logo de manhã.

Costuma ouvir a RR logo de manhã? Espero que sim! Se por alguma razão perdeu a edição da passada sexta-feira, aqui fica o resumo do que eu e o Renato Duarte falámos.
Debate muito mais calmo que o anterior

Fica até no ar a ideia de que os dois candidatos foram chamados à razão pelas suas equipas e aprenderam com os erros do 1.º debate — entrar em confronto, interromper, desautorizar e desprezar o moderador não foi a melhor das atitudes. Por isso, neste segundo debate isso já não aconteceu.

Entrada com um twist político

Joe Biden resolveu entrar em palco com a máscara posta. Smart move! Primeiro, porque ajuda a evitar aquele momento "O que fazer às mãos?!", já que estas estão ocupadas a tirar e guardar a máscara e, segundo, ajuda a marcar o ponto no qual os democratas insistem tanto — é preciso usar máscara! (E, já agora, em Portugal o uso de máscara na via pública tornou-se obrigatório, lembre-se!). Trump não o fez e com isso também marcou o seu ponto.

Já não houve casacos desabotoados

Lembram-se o que aconteceu no primeiro debate? Donald Trump entrou em palco com o casaco apertado, cumprimentou a audiência e o seu adversário, chegou ao púlpito e... desapertou o casaco. Um pormenor aparentemente tão subtil que passaria despercebido, mas não! Primeiro, o dresscode dita que os homens quando estão de pé devem ter os casacos abotoados. (Almoçou instantes antes ou engordou durante a quarentena? Temos pena.) Segundo, parece que, a partir do momento em que Trump abriu o casaco, toda a comunicação descambou — não foi por acaso que a CNN chamou o primeiro debate como "o pior debate" na história dos EUA.

Escolha da gravata

Se no primeiro debate todos (incluindo o jornalista) usaram gravata às riscas, desta vez os candidatos foram mais evidentes e claros na escolha das mesmas — Trump com uma gravata vermelha lisa e Biden com uma gravata azul lisa. Afinal, são as cores dos partidos, faz sentido.

As mesmas técnicas com impacto diferente

Biden tentou aproveitar as técnicas que lhe permitiram ganhar pontos no 1.º debate – olhar para a câmara e falar diretamente para o povo americano. Mas, ao contrário da primeira vez, pareceu mais cansado: não parava de ajeitar os papéis, nunca largou a sua caneta ao falar, gaguejou e, quase como uma cereja no topo do bolo, olhou para o relógio perto do fim do debate.

Sim, este gesto vai ser comentado durante muito dias... semanas... ou até anos. O último candidato a cometer a mesma gafe foi Bush. O mundo ainda hoje fala daquele pequeno e, à primeira vista, insignificante gesto. Porque deixa algumas dúvidas: Está farto? Está cansado? Quer que o debate acabe?!
"Come on!"

Uma bengala que, com certeza, não ajudou Joe Biden foi o "come on!" que ele usou como resposta a alguns disparates que Trump dizia. "Come on!" uma vez, "come on!" duas vezes, "come on!" sem conta… A sério? Só me apetecia dizer: "Come on, Joe! Pare de usar esta linguagem de adolescente!".

Nota: o fact checking da CNN já confirmou que sim, os dois nem sempre diziam a verdade...

Temas quentes

Temas quentes? Para Biden é, com certeza, a Segurança Nacional — foi o momento em que se verificaram mais alterações no seu comportamento padrão (coçar o nariz, ajeitar os papéis, gaguejar — todos estes comportamentos estiveram presentes). Para Trump? Alterações climáticas e Imigração.

The End...

Joe Biden aproveitou melhor o final do debate, sem dúvida. O seu discurso de glória foi muito bem preparado e muito bem interpretado em palco. Mas será que vai ter oportunidade de o repetir no dia da Inauguração?

Resumindo:

Donald Trump esteve muito melhor. Mas será que foi suficientemente bom para ganhar as eleições?

Joe Biden esteve ligeiramente pior, mais cansado. Mas será que foi mau suficiente para estragar os resultados das sondagens que lhe davam vantagem?

No dia 3 de novembro, os americanos vão votar e o mundo vai ficar a assistir. Eu também. A análise estará pronta assim que tenhamos notícias! Até breve!