A comunicação está presente em tudo o que fazemos e vai muito para além das palavras. Ainda que seja algo naturalmente presente em tudo o que fazemos e que nem sequer pensemos nisso, as expressões faciais, os gestos e outros sinais não verbais desempenham um papel crucial na transmissão de informações e emoções.
As expressões não verbais ajudam-nos a perceber e confirmar a verdadeira intenção por detrás das palavras – se aquilo que o nosso interlocutor diz é mesmo o que sente. Ou não. 🤔
Importa por isso compreender bem que expressões faciais tipicamente acompanham determinadas expressões verbais. Quanto melhor as compreendermos, melhor dominaremos o processo de comunicação e mais seguros nos sentiremos em qualquer interação, qualquer que ela seja.
Nesse sentido, três investigadores da Ohio State University e da Perdue University, nos EUA, decidiram estudar a expressão não verbal de desacordo e verificar se a expressão verbal da negação não terá evoluído da expressão não verbal dessa emoção.
O estudo. Num estudo publicado na revista Elsevier, em 2016, F. Benitez-Quiroz, Ronnie B. Wilbur e Aleix M. Martinez sugerem que efetivamente é possível que a expressão da negação e o modo como tipicamente o fazemos tenham evoluído a partir da forma como sentimos e manifestamos fisicamente esta emoção.
Num primeiro momento, os autores pediram a 184 indivíduos, de línguas nativas diferentes, que produzissem uma expressão facial de negação. Posteriormente, pediram aos participantes no estudo que decorassem um conjunto de frases e que as verbalizassem como se estivessem a falar normalmente. Ambos os momentos foram registados para serem analisados posteriormente.
Os resultados. A análise da informação recolhida em ambos os momentos permitiu identificar uma expressão facial típica da negação: o “rosto do não”. Essa expressão é universal, comum a diferentes culturas e línguas, e também é tipicamente usada como auxiliar da expressão verbal do não.
Como pode usar esta informação no dia a dia? Por um lado, se a manifestação do “não” do seu interlocutor é acompanhada pelo “rosto do não”, já sabe – esta expressão é congruente e o “não” é genuíno. Por outro lado, se reparar na presença do “rosto do não” sem o seu interlocutor verbalizar a negação verbalmente, procure verificar o que causou a negação (não verbal) e se ainda há algo para fazer antes de este ser verbalizado explicitamente.